Por que se render?


           Quando os exércitos e seus soberanos se aproximavam do povo conquistado era impossível que este não correspondesse genuflexo perante a astúcia do vencedor. Eles haviam ultrapassado suas muralhas, alcançado vitoriosamente suas trincheiras, anulado o brilho de uma história que se envaidecia em demonstrar alguns metros quadrados de terras que outrora foram conquistadas. Quem se atrevia a se revoltar diante do poder agora vigente teria sua memória e sua voz apagada do meio da muda multidão, nessas épocas o terrorismo colocava seus infratores e oponentes em praça pública, numa exposição vergonhosa de morte prematura, extremamente eficaz no afugentamento dos revolucionários.


                Também fomos conquistados, entretanto, a história aqui toma contornos paradoxais diante dos modelos que já lemos e ouvimos. Nessa conquista não se extirpa a vida dos alheios para se tomar posse da terra, todavia, os conquista a partir da morte do seu conquistador. Podemos ter grandes dificuldades na descrição, pois a transmissão do inverso gera repulsa a razão. Como pode? Em vias da Graça só se entende a medida que se experimenta. Não conseguiremos conceituar a ponto de transcrevê-la na concretude que a definiria por completo, pois não existem paradigmas para espelha-lá. Rendição aqui não é a imposição de uma espada que é agulhada na garganta de um individuo, entretanto, é fruto de um olhar que não recalcitrou na demonstração de um amor desinteressado. Por isso, Deus é amor. E, assim o é por que o amor não se encerra em uma definição finita do dicionário, mas é o descobrimento diário que só se realiza na prática que por vezes gera uma não-compreensão do "porque se faz assim". Amar é gerar interrogações. Por isso, quero me render diante daquele que me conquistou por alto preço. Se arremessou em um exposição vergonhosa para ver os seus livres. Mas, mesmo sua exposição não gera o incomodo de uma derrota, pois como diz Paulo: "e, tendo despojado os poderes e as autoridades, fez deles um espetáculo público, triunfando sobre eles na cruz."Cl 2.15. Aqui a transmissão do inverso ainda incomoda. Quem se fez espetáculo não foi o crucificado, mas os promotores do anti-Reino. Porém, assim o foi por que a morte pela cruz não ditou o final da história, pois a ressurreição é o virar de página para a construção de uma nova vida. Ele se doa, assim nos conquista, mas não pela promoção dos louros que poderia aureolar sua autopromoção, e sim pela ascendente promessa de que, quem era escravo, hoje é filho do seu REINO. Por isso, Renda-se!

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