A reconstrução da família

Texto: Gênesis 6. 5-10
                O mundo apresentado no capítulo 6 de Genesis está vivendo em completa degeneração. É paradoxo do projeto de Deus para as famílias. O projeto que não está tão distante, pois este é anunciado no Éden. 
                Adão e Eva, a primeira família, já havia experimentado integralmente a presença de Deus em suas vidas. Já souberam um dia o que era viver abundantemente. Sua saúde era perfeita, sua vida emocional estava saciada (disse DEus: façamos-lhe uma auxiliadora), seu pensar era reto, seu proceder completamente santo, suas palavras deliciavam os ouvidos de Deus, pois era constante adoração. Eles viviam em um cosmo, ou seja, em ordem.
                Quero me deter um pouco mais nessa palavra “cosmo” e torná-la um pouco mais próxima de nossa realidade. Possivelmente, você já visitou nessa semana ou algumas atrás, uma revista da Avon, da Natura ou Jequiti. Quando você folheia essas revistas procura cremes (produzidos nas indústrias dos cosméticos) que suavize sua pele, amenize algumas imperfeições que surgem com o passar do tempo (Espinhas, Acnes, Rugas, Pés de galinha, Estrias) para por ordem em sua aparência. Você busca proximidade com a perfeição e a beleza. O mundo no Éden vivia no Cosmo, era belo e perfeito, entretanto nós seres ingratos, nos desviamos da vontade de Deus e em detrimento do Cosmo optamos pelo Caos, ou seja, a desordem, a imperfeição.
                A partir daí, podemos afirmar que vivemos em um mundo imperfeito, habitado por pessoas imperfeitas de atitudes perversas e o nosso próprio viver é atraído e envolvido por um querer corrompido. 
                O capítulo 6 é o ápice de um mundo caótico, desordenado, onde a fumaça da fogueira das vaidades e desvios humanos, causaram repulsas e desprezo nas narinas de Deus.
                Deus vê esse mundo e anuncia um fim catastrófico para a espécie humana e os demais seres viventes. Há aqui nesse texto imperativos e decisões objetivas relacionadas ao homem e aos seus descendentes: “Meu Espírito não agirá mais neles”, “Deus se arrepende da criação”, “pesa-lhe o coração, ou seja, está INDIGNADO”, “Farei desaparecer da face da terra”. Entretanto, há algo que paralisa este desfecho apocalíptico de extinção, e isso é descrito nos versículos 8, 9 e 10.

                8  Noé, porém, achou graça aos olhos do SENHOR.
                9  Estas são as gerações de Noé. Noé era homem justo e integro entre seus contemporâneos; Noé andava com Deus.
                10  E gerou Noé três filhos: Sem, Cão e Jafé.

                Apesar do mundo que vivia, Noé junto com os seus não se deixou influenciar. Sabemos que “as más conversações corrompem os bons costumes” como Paulo nos alerta e como o psicólogo Jean Piaget analisa “o homem é o produto do seu meio”. Noé e sua família se conservam íntegros apesar do seu meio, pois eles têm uma estrutura sólida onde construíram e fundamentaram seu caráter.
                A base de Noé vem das raízes de sua árvore genealógica. Convido você que retroceda algumas folhas de sua Bíblia e se dirija ao texto de Gn 4.26
               
                26  E a Sete também nasceu um filho; e chamou o seu nome Enos; então se começou a invocar o nome do SENHOR.

                Noé e sua família tinham alicerces firmes, pois seus progenitores buscavam viver segundo a vontade de Deus e foram conhecidos pela experiência de ANDAR COM ELE.
                Qual o valor que damos a estrutura onde apoiamos nossa família? Quando penso nisso me lembro da história que talvez muitos aqui já tenham ouvido falar. Certo homem muito rico chamou seu genro para que este construísse uma casa. E ao se aproximar dele fez a mais severa exigência que este utilizasse o melhor material. “Tudo primeira linha!”. O genro acenou positivamente e começou a empreitada.   Fez o cálculo estrutural e se dirigiu a loja para efetuar a compra. Pediu ao vendedor os materiais desejados com as devidas quantidades e tudo da melhor qualidade, no término do orçamento pontuou: “agora deixe como está essa nota que pegarei o cheque com meu sogro. Todavia, diferente do que está na nota me mande materiais de segunda linha e a diferença do valor que acusar dos materiais você deposite em minha conta. Fechado o acordo com o vendedor a obra iniciou a todo vapor. Com aparência de bela, mas estruturalmente comprometida. Passou o tempo até que ele terminou a obra e correu para entregar as chaves ao sogro. Este, por sua vez, quis ver como a casa havia ficado. Ao chegarem ao local o genro com peito estufado e a conta do banco recheada, disse ao sogro “agora é só morar”, pelo que o sogro lhe respondeu: “Mas, não é para mim.” O senhor vai alugar então? Perguntou o genro “De maneira nenhuma”, respondeu o sogro. “A Casa é para você”.

        Não nos preocupamos com a estrutura por que nos dá trabalho e é mais dispendioso. Basta fazermos as seguintes indagações para percebermos isso: Quantos cultos familiares realizamos esse ano? Quantas histórias bíblicas contamos para nossos filhos? Qual o tempo de diálogo que existiu entre o esposo e a esposa? Vocês oraram juntos para fazer os seus propósitos conhecidos um ao outro e diante de Deus?
                Olhamos o mundo querendo sufocar nos princípios. O mundo jaz no maligno. Qual a nossa resposta ao mundo?
                Bem, podemos pensar juntos em duas possibilidades:
                A primeira possibilidade é o ato de nos alienarmos. Ao percebermos o perigo que nos ronda podemos nos colocar distantes da realidade. Entretanto, ao não encararmos a realidade confessamos a falha de nossa estrutura. É melhor então nos alienarmos a enfrentarmos uma realidade que pode nos balançar pelo nosso descuido e despreparo. É sobre isso que Jesus fala quando usa o exemplo das casas construídas, uma na areia e a outra na rocha. A chuva que caiu, os rios que transbordaram e os ventos que sopraram são os mesmos. A questão é: como e onde está o nosso alicerce?
                A alienação impede o processo de maturidade da nossa família, pois nos ensina a fugir das situações ao invés de encará-las de frente pela força daquele que nos constitui, mais do que vencedores por Cristo Jesus.
                A segunda possibilidade é vivermos como uma família profética. Precisamos antes de mais nada pontuarmos como vive um profeta. A primeira coisa que podemos ressaltar é que, os profetas, não recebem de Deus mensagens, mas sentimentos. Deus lhes faz sentir a sua dor ou alegria. É como se ele dissesse: “ Quero que vocês vejam as pessoas como eu as vejo e sinta por ela o que eu sinto”.  A partir do sentimento que Deus nos faz experimentar, comunicamos isso em palavras as pessoas. Podemos ressaltar também aqui que profeta é aquele que não se sente o santarrão ou o carola e quer manter-se em um monastério afastado dos demais pecadores. Entretanto, é aquele que mesmo tendo a convicção dos erros cometidos pelos outros sabe de sua responsabilidade com os indivíduos e anuncia as boas novas de Cristo que conseqüentemente, denuncia as más obras dos homens. A Bíblia irá chamar Noé de o “pregoeiro da justiça” (II Pe 2.5).
                Noé foi um homem que viu a partir de si e de sua família, Deus construir uma nova história. História essa que não atinge apenas o seu reduto, mas também as nossas vidas hoje. Você já conseguiu perceber o caos que você vive em sua casa não se entendendo com sua esposa e não a amando como Cristo amou a Igreja? ou você esposa encarnado o espírito de Jezabel sendo insubmissa ao seu esposo e destruindo o seu lar? Os filhos que não honram e amam seus pais e os pais que provocam ira aos seus filhos, pois sofrem o descontrole ao não conseguirem discipliná-los e admoestá-los.
                As tempestades podem vir com ímpeto contra sua casa, mas ela não irá ruir, pois está estabelecida sobre a rocha que é Jesus. O Cristo que nos constitui novas criaturas, nos deu um marco zero, afirmando que as coisas velhas se foram, a desordem e o caos não tem voz nem vez, pois tudo novo se fez em nossas vidas e famílias.
Tiago Sant'Ana Cezar


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